Declaração de uma leitora anônima...
Senti naquele dia num certo hospital da cidade, onde nosso filho estava em coma, o teu olhar direto para o meu rosto, já cansado pelas horas agoniantes e aflitas, já cansada pelo tempo que transcorreu desde nosso último encontro. Não foi dos melhores dias que tive ao ver meu filho chorando com apenas quatro anos e hoje num leito hospitalar. Imagens se misturam na minha memória, horas vejo meu filho na cama, sem movimentos, hora vejo aos quatro anos o desespero de ver sua mãe sangrando e chorando na sala. Muitas estórias foram marcadas pela tua agressividade, teu momento de rancor, tua fúria que só machucava meu corpo e minha mente. Tiraste de mim o que tinha de mais preciso que era a confiança, a alegria de viver. Para me libertar de você foram preciso atitudes radicais, onde contratei um homem alto, robusto, na esperança de te dar uma lição.(Pois sempre acreditei que homens que batem em mulheres são covardes). Funcionou pois após brigas judiciais, nunca mais me procuraste, me sentia renascer, tendo a oportunidade de viver sem os socos e palavras que denegriam a minha imagem e vida. Os anos foram passando, as crianças foram crescendo e assumindo para si as suas vidas. E eu tomando rumos diferentes mais tentando ser feliz. Resolvi guardar la dentro do meu eu, as imagens que mudaram a minha vida. Hoje nos corredores deste hospital diante de você, vi que nada mudou. Você continua por fora o homem bonito apesar de amargurado pela vida e por tantos sofrimentos que passou, por momentos eu tive pena, a vida não te poupou, teus novos filhos passaram por muitas provações, chicoteadas que a própria vida te reservou. Mais ao cruzarmos nossos olhares o breve sentimento de de tranquilidade, se transformou novamente naquele medo que achava que tinha superado. Mesmo ali naquele momento de tanta dor pelo nosso filho, senti um medo muito maior ao te ver fitando a mim, teus olhos tão cheios de rancor. Nada se passou, quem bate esquece e tenta superar com palavras falsas e ao mesmo tempo arrogantes, quem apanha não esquece jamais os momentos de dor e infelicidade. Não sinto saudades de ti mais sim um medo enorme que achava ter superado, aquele amor todo que senti foi absorvido pelo sentimento maior de medo e desespero. Me agarrei a Deus que nunca me desamparou e pedi força naquele momento tão difícil, não para mim, mais para meu filho que mesmo inconsciente naquele momento com certeza sentiu a mesma energia negativa de tantos anos atrás. Dias serão passados mais sentimento nunca superados... Ao meu filho a benção maior de Deus que te deu a vida, ao meu chicoteador as orações para que percorra teus caminhos nesta terra com mais tranquilidade após o perdão de Deus, porque o meu com certeza ainda não terás...
Como todo dia é considerado na alegria ou na tristeza o dia da Mulher, fica aqui minha homenagem a esta mulher que representa no silêncio de hoje uma força e uma tristeza absorvida pelo dia a dia... Abraço e obrigada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário