Ao mesmo tempo em que soldados do Exército chileno ainda buscam vítimas sob escombros, os moradores de Concépcion, uma das cidades mais atingidas pelo terremoto, sofrem com a falta de luz, água e comida há tres dias. O Chile viveu mais uma noite de apreensão com 711 mortos no país.
Um terror após o abalo sísmico que devastou parte do Chile, o clima de desespero dominou os habitantes.Pessoas perambulam sem destino. São centenas de homens e mulheres com mochilas nas costas pedindo carona. Estacionamentos se transformaram em grandes acampamentos, com até três ou quatro famílias ocupando uma mesma barraca, enquanto aguardam auxílio do governo para conseguir mantimentos. Muitos estão sem água desde as primeiras horas de sabado. Depois dos primeiros saques a supermercados da cidade, a policía comecou a registrar no domingo roubos a residências. As famílias estão se armando para defender as suas propriedades.- O descaso com que estão nos tratando parece um incentivo para que roubemos - disse Eugenia Vissana, que dividia a barraca com a filha e a irmã, com quem revezava as idas ate os postos policiais para ter informações sobre o filho, desaparecido desde sábado.Muitas pessoas foram presas por desrespeitaram o toque de recolher imposto pelo governo.- Não temos água nem nada. Ninguém apareceu com ajuda, e precisamos de mais polícia para manter a ordem. Tem muita gente roubando - disse uma mulher que se identificou como Ana, de 78 anos.
Prédios da periferia apresentam frestas de ate 30 centímetros, colocando varios estruturas de condomínios sob o risco de um desabamento iminente. Pelo menos seis novos pequenos tremores foram sentidos na manhã de domingo em Concepción.
A cada abalo, moradores se abraçam a seus familiares, mesmo os que estão distante de qualquer edificação. Muitas filas em postos de gasolina os moradores aguardam para abastecer e, então, deixar a cidade. Apenas carros pequenos conseguem trafegar pelas rodovias da região. Ônibus e caminhões foram proibidos de circular na região. O governo avalia que pelo menos 70% das edificações de Concepción estão comprometidas. Tambem não há vaga nos dois principais hotéis, que ficaram lotados depois do alerta para que algumas hospedagens retirassem os seus hóspedes. Estima-se que os trabalhos de resgate durem pelo menos mais uma semana. Toneladas de lixo tambem estão espalhadas por toda a cidade, da periferia à região central do municipio.O comércio também não deve abrir as portas nos próximos dias, o que aumenta a dificuldade de abastecimento em Concepción. O trabalho de controle do tráfego esta sendo feito provisioriamente também por soldados do Exército. O acesso por terra à região mais atingida também é complicado. São pelos menos cinco desvios, o que faz com que a viagem normalmente de seis horas dure até 12. Parte das rodovias foi destruída, e enormes fissuras surgiram ao longo de todo o trecho. A falta de energia elétrica atingiu muitas cidades.
Autoridades orientaram os trabalhadores a verificarem se há vazamentos de gás e problemas em instalações elétricas. Há também orientação para que evitem usar elevadores.
Pelo menos um brasileiro estaria desaparecido desde a tragédia . Ele estaria em Concépcion, mas não havia, até o fim da tarde confirmação oficial.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu nesta segunda-feira enviar ajuda ao Chile. Lula disse, em seu programa de rádio Café com o presidente, que ainda não conseguiu falar com Bachellet por problemas na linha telefônica. O Japão, importante parceiro comercial, anunciou uma doação de US$ 3 milhões ao Chile. A China prometeu US$ 1 milhão.
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